quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

O Meteorito do Bendegó

Em 1784, cinco anos antes da Revolução Francesa, e da Inconfidência Mineira e 14 anos antes da Conjuração Baiana, o menino Bernadino da Motta Botelho, filho do vaqueiro Joaquim da Mota Botelho, encontrou uma pedra de superfície lisa e escura, diferente de todas as demais. A pedra chamou-o a atenção próximo ao riacho do Bendegó, então município de Monte Santo.

Era uma descoberta que ficaria famosa. Em 1810, um grupo de cientista da Sociedade Real de Londres atestaria que se tratava de um meteorito, uma rocha espacial que se havia chocado com a superfície da Terra depois de viajar milhões de quilômetros pela escuridão do Universo. Com dois metros de diâmetro e mais de cinco toneladas de peso, o Meteorito de Bendegó é o maior já encontrado na América do Sul. Está hoje exposto no saguão do Museu Nacional do Rio de Janeiro.

Sua massa foi calculada em 5360 kg, constituída basicamente de ferro (92,70%) e níquel (6,52%), contendo ainda traços menores de outros elementos químicos. Essa composição permite classificá-lo no grupo dos "sideritos", i.e., meteoritos com aproximadamente 90% de ferro e níquel. Na língua dos índios quiriris da Bahia, o vocábulo "bendegó" significa vindo do céu.

De maneira resumida, em 1888, por ordem do imperador Pedro II, o Meteorito de Bendegó foi transportado para o Rio de Janeiro, ao final de uma verdadeira epopéia que envolveu de parelhas de bois, trilhos de trem na Serra de Acaru (ainda no início da viagem) e navios, intercalada ainda por um acidente em 1785 que atirou o meteorito no leito de um riacho (Bendegó), o qual ficou abandonado por quase 103 anos. Durante esse período, o meteorito praticamente não se alterou pela oxidação até a chegada da missão encarregada do transporte para o Rio de Janeiro. Especialistas, dividiram com trabalhadores, o esforço para retirá-lo do riacho, conduzindo-o até o litoral de Salvador. Desta cidade, o meteorito seguiu para Recife, a bordo do vapor "Arlindo" e, de lá, foi levado para o Rio de Janeiro, aonde chegou em 15 de Junho de 1888, i.e., 104 anos após o achado. Durante muito tempo, o Bendegó foi o maior meteorito em exposição em todo o mundo.

No que segue, uma sequência de fotos ilustrando o difícil trabalho de remoção do Bendegó através do sertão da Bahia:

A chegada do meteorito à estação ferroviária de Jacurici, após 126 dias de penosa marcha pela caatinga baiana, mereceu outro marco comemorativo que se chamou Barão de Guahy, em uma justa homenagem ao homem que patrocinou a expedição. Esse marco assinala também o local do embarque do Bendegó, de trem, que após percorrer 363 km, chegou a Salvador em 22 de maio de 1888. A comissão mandou lavrar um termo de sua inauguração, que foi colocado em suas fundações dentro de uma caixa de ferro.

O meteorito ficou em exposição em Salvador durante 5 dias, e em 1º de Junho embarcou no vapor “Arlindo”, seguindo para Recife e, posteriormente, para o Rio de Janeiro, onde chegou no dia 15, sendo recebido pela Princesa Isabel e entregue ao Arsenal de Marinha da Corte.

Nas oficinas do Arsenal de Marinha foram feitos os cortes indispensáveis para o estudo da “pedra”, bem como para a obtenção de materiais que foram doados e permutados com diversos museus do Brasil e do mundo. Confeccionou-se, também, uma réplica do meteorito em madeira, que o governo brasileiro fez figurar na Exposição Universal de 1889. Este modelo hoje se encontra no Museu de História Natural de Paris.

Concluído o trabalho, o meteorito foi transportado a 27 de Novembro de 1888 para o Museu Nacional, nessa época situado no Campo de Sant’Anna.

Fonte: http://www.uefs.br/antares/

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Qual foi a primeira civilização que se dedicou ao estudo do sistema solar?

Há referências a estudos de fenômenos astronômicos na China, na Índia e no Egito, mas não se sabe exatamente quando teve início a astronomia. Um pesquisador da UFPR fala sobre as observações dos astros feitas pelas civilizações antigas em resposta à dúvida de nossa leitora.
Publicado em 05/01/2010 Atualizado em 05/01/2010

Não se sabe exatamente quando a astronomia começou, mas existem referências a estudos de fenômenos astronômicos na China, na Índia e no Egito. Na cidade de Ur, às margens do rio Eufrates (em torno do qual surgiu a primeira civilização de que se tem notícia, há aproximadamente 3000 a.C.), os sumérios erigiram um zigurate (torre com várias plataformas) dedicado ao deus da Lua, Nanna, e à sua esposa, Ningal. Os babilônios conheciam seis astros importantes: Sol, Lua, Vênus, Mercúrio, Marte e Júpiter. Mas como, para eles, o sete era um número sagrado, deveria haver sete astros no céu, além das estrelas fixas. Eles fizeram observações até descobrir o planeta (‘estrela errante’) Saturno. Em todas as civilizações antigas, havia relações entre os astros e a religião.

Na civilização grega, surgiram problemas astronômicos que não haviam sido estudados por outros povos. Os gregos queriam saber o tamanho real do Sol; a que distâncias estariam o Sol e a Lua da Terra; qual o movimento dos planetas e a que distâncias estariam uns dos outros etc. Por volta de 250 a.C., Eratóstenes mediu indiretamente a circunferência da Terra. Aristarco de Samos (320-250 a.C.) tentou determinar a relação entre as distâncias da Terra à Lua e da Lua ao Sol. O coroamento da astronomia grega deu-se com o trabalho de Ptolomeu (85-165 d.C.). Em sua obra principal, o Almagesto, ele fornece uma grande quantidade de dados empíricos.

A grande influência dos gregos não é ter feito descobertas ou resolvido problemas astronômicos úteis nos dias de hoje, mas tê-los criado. Eles provocaram o início da grande aventura: explicações racionais para os fenômenos naturais, que, em pouco mais de dois milênios, transformariam a espécie humana mais radicalmente do que havia sido feito pela evolução nos 200 milênios anteriores. No prefácio do seu livro Sobre a revolução das esferas celestes, publicado em 1543, Nicolau Copérnico (1473-1543) cita Plutarco (45-125?) e outros autores gregos ao se referir à mobilidade da Terra em torno do Sol.

O zigurate de Ur, com aproximadamente 11 m. Construído entre 2113 e 2096 a.C., é o mais bem conservado dos zigurates da Mesopotâmia




Fonte: http://cienciahoje.uol.com.br/revista-ch/revista-ch-2009/266/qual-foi-a-primeira-civilizacao-que-se-dedicou-ao-estudo-do-sistema-solar